sábado, 19 de setembro de 2009

Entenda debate sobre reforma no sistema de saúde dos EUA

da Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará um discurso na noite desta quarta-feira ao Senado e a Casa do Representantes (Câmara dos Deputados) em um esforço renovado para ganhar apoio bipartidário à sua proposta de ampla reforma na saúde.

Obama tem dois objetivos centrais com a reforma: reduzir o aumento dos custos com saúde e expandir a cobertura para mais americanos. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem um sistema amplo de saúde, que cubra todos os seus cidadãos. As estimativas do governo americano indicam que cerca de 45 milhões de pessoas nos EUA não tem nenhum tipo de cobertura de saúde.

Para isso, a principal proposta de Obama é a criação de um plano de saúde subsidiado pelo governo, que seria acessível aos mais pobres e incentivaria a redução do preços dos planos privados através da competição no mercado.

A reforma, que tem várias versões em debate --a proposta da Casa branca, a proposta da Câmara e três versões de diferentes comitês do Senado--, enfrenta dura resistência entre os republicanos e os democratas moderados diante de um projeto que pode custar US$ 1 trilhão em dez anos ao debilitado orçamento americano.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

'Viva la Coca'






23/08/2009 - 08h35
Brasil substitui EUA em acordo com Bolívia
FABIANO MAISONNAVE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Villa Tunari (Bolívia)

Em visita à região do Chapare, centro produtor de cocaína e berço político de Evo Morales, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestiu um colar feito de folhas de coca, fez um discurso de apoio à reeleição do colega e anunciou que o Brasil substituirá os EUA num acordo de preferência tarifária para a compra de têxteis suspenso por Washington sob a alegação de falta de colaboração no combate ao narcotráfico.

"O Brasil vai comprar os produtos têxteis da Bolívia com tarifa zero, para a importação de US$ 21 milhões. São exatamente as preferências perdidas nos Estados Unidos", afirmou Lula, em discurso a milhares de simpatizantes de Morales, na maioria cocaleiros, que lotaram o pequeno estádio de futebol da cidade de Villa Tunari.

Bolívia realoca brasileiros com ajuda do Brasil
Governo nega que expulsará famílias brasileiras

Jorge Abrego/Efe

O presidente Lula e seu colega boliviano, Evo Morales, durante encontro neste sábado (22)

"Saúdo, companheiro Lula, o seu grande esforço de nos conceder o mercado de têxteis para o Brasil", discursou Morales. "É um ATPDEA Brasil sem nenhum condicionamento."

Morales encerrou a sua fala chamando Lula de "índio contemporâneo" e gritando, na língua quéchua: "Viva a coca, morte aos ianques."

Em 2008, o ex-presidente dos EUA, George W. Bush, tirou a Bolívia do ATPDEA (Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas, na sigla em inglês), que condiciona incentivos à exportação ao combate ao narcotráfico. Foi uma represália à expulsão, por Morales, do embaixador americano e de funcionários da DEA (agência antidrogas dos EUA), acusados de conspirar para derrubá-lo. Em julho, a decisão foi ratificada pela Casa Branca de Barack Obama, que diz que que o "alto escalão do governo" incentiva a produção de coca, matéria-prima da cocaína.

Atualmente, a Bolívia é o principal fornecedor de cocaína ao Brasil, que recebe cerca de 70% da produção, segundo estimativa da FELCN (Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico da Bolívia).

Números do Escritório da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC) mostram que, no ano passado, houve um aumento de 6% na área de cultivo e de 9% no potencial de produção de cocaína. É o maior índice dos três países produtores, que incluem ainda Colômbia e Peru.



Clima de campanha

Toda a visita de cerca de quatro horas foi feita em clima de campanha eleitoral -Morales é o favorito nas eleições presidenciais de dezembro.

Nos 30 km que separam o aeroporto de Chimoré a Villa Tunari e no estádio, milhares de simpatizantes esperavam com bandeiras whipala (indígena), do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Morales) e dos dois países. No estádio, uma faixa atrás do palco dizia: "Evo cumpre. Para viver bem, Evo presidente 2010-2015".

"Enfrentamos a ira dos poderosos, que não se conformaram em perder o poder. Eles ficam muito incomodados porque sabem que, na Bolívia, um índio, um sindicalista, um cocaleiro, e, no Brasil, um metalúrgico, um sindicalista, estão fazendo mais do que eles fizeram em todo o século 20", disse Lula.

O principal motivo da visita de Lula foi a assinatura de um empréstimo de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma estrada entre Villa Tunari e o departamento de Beni, ao norte. O projeto é acusado de superfaturamento e de favorecimento à empreiteira OAS (única participante da licitação) pela oposição e por engenheiros, mas não há investigações conclusivas.

Os presidentes também discutiram a venda de aviões Tucano para o combate ao narcotráfico, mas não houve acordo. Lula viajou com apenas dois ministros -o chanceler Celso Amorim e Franklin Martins (Comunicação Social).

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Links América Latina

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Biblioteca Virtual Memorial América Latina

www.memorial.org.br/ -

sábado, 8 de agosto de 2009

Bases, etanol e Rodada Doha opõem Brasil a EUA de Obama Entrevista Celso Amorim

São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009



Em entrevista à Folha, Celso Amorim expõe divergências com Washington

Jamil Bittar-4.dez.2008/Reuters

O chanceler Celso Amorim, que disse entender a preocupação da Venezuela sobre o uso de bases colombianas pelos americanos

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Barack Obama mal completou seis meses de governo, e o Brasil já tem três frentes de discordância com os EUA: a intenção de ampliar a presença militar na Colômbia sem aviso prévio, o insucesso da Rodada Doha de negociações comerciais e o recuo de Washington sobre a revisão de tarifas para o etanol brasileiro.
Em entrevista à Folha, anteontem, o chanceler Celso Amorim tomou partido na nova crise entre Colômbia e Venezuela. Citando Millôr Fernandes, para comentar a conduta do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ironizou: "O fato de eu ser paranoico não significa que não esteja sendo perseguido".
Sobre o etanol, o ministro disse que é "um ponto fundamental" nas relações comerciais com os EUA. E afirmou estar "cético" quanto ao desfecho da Rodada Doha.




FOLHA - Por que tanta preocupação com o uso de bases militares da Colômbia pelos EUA, se já há o Plano Colômbia?
AMORIM - É um fato novo. Se fosse a mesma coisa que já tinham, não precisavam fazer um novo acordo, não é? A impressão é que as bases servem para operação de aviões com raio de ação muito grande. Tudo isso feito assim, sem que tenha havido um processo, sem nos consultar. A Colômbia é um país soberano e tem o direito de fazer o que quiser no território dela, mas é uma presença militar importante na nossa vizinhança. Você pode dizer que já tinha em Manta [no Equador]. Ok, mas, se mudou, então há uma coisa nova, e nós queremos conhecer melhor.

FOLHA - O presidente Hugo Chávez tem razão ao reclamar?
AMORIM - Compreendo as preocupações da Venezuela. Diz-se que o alvo principal é o narcotráfico e ao mesmo tempo há relatórios do Congresso americano dizendo que a Venezuela estaria sendo conivente, ou leniente, com o narcotráfico. Daí, põem-se num país que é vizinho da Venezuela bases americanas -ou bases colombianas para uso americano, não importa. Gente! É a história do Millôr Fernandes: "O fato de eu ser paranoico não significa que não esteja sendo perseguido".

FOLHA - Por outro lado, o Brasil não se preocupa também com a queixa da Suécia de que armas vendidas à Venezuela foram parar com as Farc?
AMORIM - Não sei quando ocorreu, nem se ocorreu, e, se ocorreu, se foi antes ou depois do Chávez. E se foram roubadas? De qualquer maneira, vamos e venhamos, é só um episódio.
Muitas armas chegam lá, nas Farc, como chegam nas favelas do Rio. Esse episódio é uma coisa desse tamanhinho comparado com as bases militares.

FOLHA - A preocupação se alastra para a Europa, via Espanha?
AMORIM - Se, de repente, você tem uma força de fora muito grande na região... Bem, se as bases vão ter outra aplicação, e não está claro se vão ter, é natural que todos os países, inclusive de fora, se preocupem.

FOLHA - Essa ação não vai contra o discurso de paz, de não ingerência e desmilitarização de Obama e Hillary Clinton? É uma surpresa?
AMORIM - Em vez de fazer julgamento de valor, vamos conversar, ouvir explicações e entender melhor. Mas, na região, é importante ter transparência e clareza. Isso talvez tenha faltado. Você pode, por exemplo, ter garantias formais sobre como as bases serão usadas.

FOLHA - Não é contraditório o governo da Colômbia dizer que as Farc estão aniquiladas e agora justificar a presença americana justo para combater o que já está aniquilado?
AMORIM - Essa é exatamente uma das perguntas que se faz.

FOLHA - Pode ser só pretexto?
AMORIM - Eu não estou dizendo que é só um pretexto, mas você tem todo o direito de fazer esse raciocínio. O que preocupa o Brasil é uma presença militar forte, cujo objetivo e capacidade parecem ir muito além do que possa ser a necessidade interna da Colômbia.

FOLHA - E a Quarta Frota dos EUA, no Atlântico Sul?
AMORIM - O paralelo que se pode fazer com as bases é que ocorreu sem que nós tenhamos sido avisados previamente. Na época, eles próprios reconheceram que cometeram um erro de comunicação. As justificativas deles foram todas muito inocentes, de ajuda humanitária no Caribe etc.

FOLHA - A Rodada Doha fracassou?
AMORIM - Há uma reunião em setembro, em Nova Déli, e nem sabemos ainda se o representante comercial dos EUA irá ou não. Eles continuam com demandas para os países em desenvolvimento totalmente incompatíveis com o que eles concederam. Ou seja: o país que tem a chave para concluir a rodada mais rapidamente são os EUA, e nós não sentimos ainda um movimento que nos indique que vá ocorrer. Há um ano e meio, estávamos no meio de uma negociação. Agora, não.
Estamos parados. Por isso, estamos procurando outros caminhos. Nunca dissemos que não queríamos ter um acordo de livre comércio com a União Europeia, mas havia e há dificuldades específicas que precisam ser suplantadas. Só que você não pode ficar esperando a vida toda pela rodada.

FOLHA - Em vez de avançar, os EUA recuaram no que já havia sido acertado na Rodada Doha depois da vitória dos democratas?
AMORIM - Na realidade, o que eles têm trazido para as discussões é a mesma posição que os republicanos já tinham em dezembro, o que nos dificulta avançar. Trabalhamos intensamente durante seis meses e parecia que era possível, mas os americanos se enrijeceram. Aí, o governo Bush terminou, e não aconteceu nada.

FOLHA - E veio Obama e continuou sem acontecer nada?
AMORIM - E até sem muita clareza se havia interesse na Rodada. Há um mês, mais ou menos, eles defenderam a manutenção exatamente da posição que os republicanos haviam colocado. Isso nos levou à conclusão de que não havia condições de avançar. Querem mais, mais, mais, mas nem dizem exatamente o quê. Vou ser sincero: eu gostaria de ser otimista, mas estou cético neste momento.
Pode concluir? Até pode, mas levando mais uns dois anos?

FOLHA - Do ponto de vista de Celso Amorim, isso significa acabar o segundo mandato Lula, oito anos depois, sem Alca, sem Doha, sem acordos bilaterais, sem nenhum avanço na área de comércio?
AMORIM - Graças a Deus não fechamos a Alca, porque, senão, em vez de fechar o ano com um crescimento de 1%, estaríamos com o México, com uma recessão de uns 5%, 6%, sei lá. Se você pergunta se eu fico frustrado? Pessoalmente, claro que sim. O presidente Lula, possivelmente também. Mas, pior do que não fechar, é fechar um mau acordo. Os emergentes têm de ter mais, e os pobrezinhos têm de ter mais ainda, porque é uma rodada de desenvolvimento. Já no caso de Mercosul-UE, sentimos que eles, os europeus, estão mais pragmáticos. A crise talvez nos torne mais realistas, mais flexíveis.

FOLHA - Ou o contrário, mais fechados e mais protecionistas?
AMORIM - Esse risco também há, mas talvez sejam de alguns setores dos países, não dos governantes. Só se pode avançar com uma dose de realismo.

FOLHA - Obama e Thomas Shannon, que foi secretário para o Hemisfério Ocidental de Bush e será o novo embaixador em Brasília, tinham acenado com a revisão das tarifas contra o etanol brasileiro. Bastou a resistência de um senador de Iowa para a Casa Branca recuar. Como o Brasil vê isso?
AMORIM - Claro que não achamos bom. Não é positivo para nós, e até achamos que não seja positivo também para boa parte da sociedade americana. Vamos torcer para ser uma coisa episódica, que possa ser revertida lá. Quando você quer aprofundar as relações comerciais com os EUA, esse é sempre um dos pontos mais importantes.
Se não houver avanço na área de etanol, fica difícil onde mais você possa avançar, pelo menos na área de barreiras tarifárias. Eles sabem disso, aliás.

FOLHA - No caso de Honduras, já não há sinais também de que o consenso contra o golpe não é mais tão sólido assim nos EUA?
AMORIM - Tem gente que pensa de maneira antiga, lá como em qualquer lugar do mundo. Às vezes até por laços de amizade. É preciso dar força ao governo dos EUA, até para que todos percebam que não se trata de uma posição só do Obama, nem um capricho da Hillary Clinton, mas sim de todo o continente, a favor da volta do presidente Manuel Zelaya.

FOLHA - E o pacote de bondades para o Paraguai?
AMORIM - Estamos redefinindo uma relação, que deve ser percebida como verdadeira parceria pelos dois lados. Buscamos um termo médio. E, afinal, a verdade é que o Paraguai é de fato muito pobre e ali vivem centenas de milhares de brasileiros. Ninguém nem sabe quantos. Tudo isso é importante para o Brasil.

FOLHA - Quem paga a conta da triplicação do que o Brasil paga pela cessão de energia e da doação de uma linha de transmissão de US$ 450 milhões para eles consumirem lá uma energia que hoje a gente consome cá?
AMORIM - Pelo amor de Deus! Eles são donos de metade da usina, de metade da água. Eu não posso querer ficar com toda a energia. O que o presidente Lula decidiu é que não será o consumidor.

FOLHA - Mas só existem três formas: ou o contribuinte, ou o consumidor, ou a entidade consumidor-contribuinte.
AMORIM - Concordo, mas sabe quanto a cessão representa do orçamento total de Itaipu? Menos de 10%. A relação com o Paraguai é muito mais complexa do que isso.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Entenda os conflitos entre polícia e muçulmanos na China

da Folha Online

Um protesto da minoria étnica muçulmana uigur no oeste da China deixou ao menos 140 mortos e 828 feridos desde o começo deste domingo. A agência de notícias Xinhua informa que entre 1.000 e 3.000 manifestantes saíram às ruas para protestar contra a morte dos dois uigures na semana passada.

O protesto começou pacificamente neste domingo (5), na cidade de Urumqi (3.270 km de Pequim), capital da região autônoma de Xinjiang, contra a morte de dois uigures em uma fábrica de brinquedos do sul do país, após eles terem sido linchados. Os uigures criticavam a discriminação por parte da etnia han, dominante no país.

A manifestação rapidamente se tornou um ato de vandalismo na cidade. Redes de TV chinesas mostram os manifestantes quebrando lojas e queimando carros da cidade. Wu Nong, diretor do departamento de imprensa do governo local, informou que 260 veículos foram atacados e 203 casas ou lojas ficaram destruídas. A polícia divulgou nesta segunda-feira que ao menos dez pessoas foram presas acusadas de incitar os protestos. Foi decretado toque de recolher na região e "agora a situação está sob controle", informou nota da polícia.

Minoria

Os uigures são uma minoria predominantemente muçulmana. Muitos reclamam que estão sendo marginalizados econômica e politicamente em suas próprias terras, que possui ricas reservas de gás natural e minerais. Há entre 15 milhões e 20 milhões de islâmicos na China, quase a metade em Xinjiang. Os chineses da etnia han formam cerca 91,5% da população do país.

A etnia uigir está sob controle chinês desde 1955, quando foi fundada região autônoma de Xinjiang. Desde então são relatados choques entre os islâmicos e o governo, movimentos armados pró-independência, ataques terroristas e mortes de civis na área.

Os confrontos com a polícia vieram após protestos sobre a forma como a polícia lidou com os conflitos entre a maioria han chinesa e os uigures em uma fábrica no sul da China, onde dois uigures morreram.

Contudo, a principal causa por trás da manifestação foram provavelmente os conflitos religiosos, econômicos e culturais que se construíram em décadas de rígido controle central e que periodicamente eclodem em violência --embora nunca tenham chegado a uma escala violenta como a vista neste domingo.

Separatistas

O governo chinês diz que o levante de domingo foi incentivado por grupos separatistas exilados que subverteram a ordem na região. "Depois do incidente [na fábrica], as forças externas acharam um motivo para nos atacar, incitando estes protestos de rua", afirmou Nuer Baikeli, governador de Xinjiang.

Mais protestos

É improvável que haja mais protestos em Urumqi já que as forças de segurança já assumiram o controle da cidade e estabeleceram forte presença nas ruas.

Analistas afirmam, contudo, que pode haver incidentes isolados em outras cidades, particularmente naquelas onde há maioria uigur.

O governo chinês, contudo, deve intervir energicamente na região, com intervenção do Exército e prisões em massa, para impedir que novos protestos sejam realizados. As medidas são semelhantes às tomadas logo após os protestos no Tibete em março de 2008, quando um conflito étnico parecido ocorreu.

Na ocasião a polícia chinesa deteve 1.317 pessoas, das quais 1.115 foram libertadas depois, enquanto as outras foram julgadas. Os tibetanos no exílio dizem que a repressão das forças de segurança chinesas após os protestos deixou mais de 200 mortos.

Mudanças

Parece impossível que Pequim consiga ignorar um episódio de violência étnica como o deste domingo. Mas os protestos, que ocorrem três meses antes do aniversário de fundação da Republica Popular da China, devem dar tantos argumentos aos chineses linha-dura que defendem maior controle do governo quanto aos que defendem maior reconciliação.

Qualquer mudança deve acontecer ainda dentro dos bastidores da fechada política chinesa que defende o nacionalismo como uma ideologia unificadora e que favorece um rosto único e forte para ser mostrado ao mundo.

Entenda a crise política em Honduras

da Folha de S. Paulo

Horas após confrontos violentos entre a polícia e manifestantes em apoio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou à Rádio Nacional que "não houve golpe de Estado e nem nada parecido" no país.

Micheletti tenta convencer a comunidade internacional, unânime na condenação da deposição de Zelaya, que sua chegada ao poder está conforme a Constituição.

Entenda a crise política em Honduras

Quem deu o golpe em Honduras?

Militares, com apoio da Corte Suprema, que disse ter ordenado a prisão de Zelaya, e o Congresso, que leu uma suposta carta de renúncia dele. Presidente negou ter deixado o cargo.

Qual é o motivo da crise política?

Zelaya decretou a realização de uma consulta nacional sobre a possibilidade de convocar uma Assembleia Constituinte. A pesquisa, que aconteceria ontem, foi considerada ilegal pela Justiça, pelo Congresso e pelo Ministério Público.

O que diz o presidente?

O neoaliado do venezuelano Hugo Chávez diz que a consulta não tem força de lei e que ele desejava abrir caminho para uma Constituição que desse voz aos pobres, 70% do país.

O que diz a oposição a Zelaya?

O presidente descumpriu uma ordem judicial, e por isso foi preso. A intenção de Zelaya com a consulta é impor uma nova Carta que permita a reeleição.

Qual a situação agora?

Todos os países das Américas condenaram o golpe e exigem o retorno de Zelaya. Congresso e Justiça hondurenha dizem que haverá governo interino até eleições gerais de novembro.

Novo chanceler crê poder provar que não houve golpe em Honduras
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FABIANO MAISONNAVE
enviado especial da Folha de S. Paulo a Tegucigalpa (Honduras)

O recém-empossado ministro de Relações Exteriores de Honduras, Enrique Ortez, terá a tarefa mais difícil do novo governo do país: convencer o mundo de que não houve um golpe de Estado. Até esta segunda-feira, nenhum país havia reconhecido a posse do presidente Roberto Micheletti.

Sem apoio do partido, Zelaya espera reação popular
Veterano, Micheletti chega à Presidência após golpe
Golpe em Honduras repete roteiro do século 20

O presidente eleito Manuel Zelaya foi derrubado do poder neste domingo (28), em um golpe orquestrado pela Justiça e o Congresso e executado por um grupo de militares que o expulsaram para a Costa Rica, provocando uma condenação mundial unânime.

O golpe foi realizado horas antes de o país iniciar uma consulta pública sobre um referendo para reformar a Constituição. O presidente deposto queria incluir o referendo sobre a convocação da Assembleia Constituinte --que, segundo críticos, era uma forma de Zelaya instaurar a reeleição presidencial no país-- nas eleições gerais de 29 de novembro. A proposta, contudo, foi rejeitada pelo Congresso.

Os parlamentares afirmaram que a deposição de Zelaya foi aprovada por suas "repetidas violações da Constituição e da lei e desrespeito a ordens e decisões das instituições". O presidente deposto defendeu-se dizendo ser vítima de "um complô de uma elite voraz, uma elite que só quer manter o país isolado, em um nível extremo de pobreza".

Ex-assessor de Defesa de Zelaya, Ortez, advogado de formação, é um antigo membro do Partido Liberal. Em governos anteriores, foi ministro de Governo e embaixador. Ele concedeu entrevista, minutos antes de assumir, à Fabiano Maisonnave, publicada nesta terça-feira pela Folha
(a íntegra está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).

Ele afirma que ainda não sabe qual será a estratégia do novo governo para se legitimar. "Só o que vou dizer é que não vou brigar com ninguém. Existem leis nacionais e leis internacionais. Vamos respeitar todos os tratados internacionais assinados, inclusive a Alba [bloco liderado pelo venezuelano Hugo Chávez]".

Ortez falou ainda das críticas do governo Lula, que afirmou que reconhece apenas o governo de Zelaya.

"Eu não ouvi, mas vou pedir explicações oficiais ao embaixador brasileiro para que ele tenha a informação adequada. Além disso, o cangaceiro [sic] e o hondurenho às vezes divergem pela forma de falar", disse.

29/06/2009 - 08h38
Golpe em Honduras repete roteiro do século 20
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da Folha de S. Paulo

Destituído pelo presidente Manuel Zelaya e reintegrado por ordem da Justiça, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas de Honduras, general Romeo Vásquez, continuava dando ordens a seus soldados. Chegou a ser tacitamente reinstalado no cargo pelo próprio Zelaya e repetia que não haveria golpe: "Os tempos mudaram", disse, na sexta.

Mas o que se seguiu, na madrugada deste domingo, repetiu um roteiro comum na América Latina, especialmente na Guerra Fria. (O diferente desta vez foi a condenação internacional --dos Estados Unidos à Venezuela--, o que faz do novo governo, em um limbo diplomático, um teste para as aventuras golpistas deste século.)

As Forças Armadas hondurenhas prenderam e deportaram o presidente. Tanques ocuparam alguns pontos estratégicos da cidade. Seguindo a praxe dos golpes, canais de notícias e rádios saíram do ar ou passaram programas amenos.

Os militares, com apoio do Congresso e da Justiça, também prenderam integrantes do antigo governo --a acusação feita pelos apoiadores de Zelaya foi corroborada pela OEA (Organização dos Estados Americanos). Estariam presos a ministra das Relações Exteriores, Patricia Rodas, o prefeito de San Pedro Sula (centro industrial), Rodolfo Padilla, entre outros.

O objetivo declarado do golpe é barrar a consulta proposta pelo presidente, tampouco prevista legalmente, que abriria caminho para uma nova Carta permitindo a reeleição.

O discurso mais repisado do novo governo, porém, é a necessidade de barrar o "socialismo", desta vez a ameaça estatista da aliança com Caracas.

Foi em Caracas que ocorreu a última tentativa de golpe no hemisfério, em 2002. O último golpe bem-sucedido foi o de oficiais militares, apoiados por movimentos indígenas, contra o governo de Jamil Mahuad, no Equador, em 2000.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

sábado, 4 de julho de 2009




NÃO É MOLE NÃO !
TAÇA SÃO PAULO, PORTO ALEGRE E PAULISTÃO !
GANHAMOS TUDO !

Real, 15 anos

Plano produziu avanço enorme, mas opções na sua condução geraram custos desnecessários para PIB e dívida pública

SEM DÚVIDA há muito o que comemorar no aniversário de 15 anos do Plano Real.
A queda da inflação -que fechou o ano de 1994 em 1.000%- para os atuais níveis de um dígito não só trouxe um horizonte previsível para a atividade econômica, fator crucial para o desenvolvimento, mas pôs fim ao dispositivo da distribuição de renda contra os mais pobres, o segmento mais desprotegido contra os efeitos da corrosão inflacionária.
Além disso, a transformação do ambiente macroeconômico se deu em meio a reformas importantes, como o saneamento do sistema financeiro nacional, a renegociação das dívidas de Estados e municípios e a consolidação da Lei de Responsabilidade Fiscal como marco regulador para a condução das finanças públicas.
Mas o caminho rumo à estabilização também envolveu enormes custos, em parte desnecessários, porque decorrentes de opções de política incorretas.
Se a valorização do real dos primeiros meses foi importante para o sucesso do plano num momento delicado, logo ficaria clara a necessidade de correção de rumos -dada a expansão acelerada das importações e do déficit nas transações com o exterior.
No entanto, pautada em boa medida pelas intenções do presidente Fernando Henrique Cardoso de reeleger-se em 1998, a política econômica decidiu manter a âncora cambial do real em patamar apreciado, o que exigiu a fixação da taxa de juros interna em níveis historicamente elevados para garantir a entrada no país dos dólares, necessários para fechar as contas externas.
O abandono do câmbio fixo em favor de um sistema de taxas flutuantes, em janeiro de 1999, ocorreu após três crises cambias terem tornado evidente a inevitabilidade da mudança.
Mas a substituição tardia do regime cambial deixou um ônus para a estratégia anti-inflacionária em sua nova etapa. A elevada dívida pública herdada da fase anterior condicionou a política econômica sob o regime de metas de inflação a manter as taxas de juros ainda excessivamente altas, como compensação aos investidores pelos riscos associados ao financiamento do Estado.
A opção por postergar o ajuste teve consequências danosas, que se fizeram sentir principalmente sob a forma de sacrifício do crescimento econômico, elevação da carga tributária e restrição ao aumento do investimento público, em especial no setor de infraestrutura, cujas carências são, ainda hoje, um dos limitadores para a sustentação de taxas elevadas de crescimento por longo tempo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009








23/6/2009

A crise econômica atual: algumas frases para se refletir sobre ela

Fonte Clube Mundo www.clubemundo.com.br

Muito se falou e escreveu (e se continuará falando e escrevendo) sobre esse momento que o mundo atravessa. Em seguida, algumas frases para se reflexão sobre o assunto.

Frase 1 - Quanto maior a crise, mais creio nos BRICs. (Jim O’Neil, economista-chefe do Banco Goldman Sachs, criador do termo BRICs)

Frase 2 – Não haverá soluções nacionais para a crise mundial. Em 1929 as soluções nacionais levaram a mais crise, à xenofobia e regimes autoritários que desembocaram na Segunda Guerra Mundial. (Deputado Federal Aloísio Mercadante)

Frase 3 – O Brasil possui um sistema bancário e financeiro saudável, contas públicas em ordem, comércio exterior diversificado no que se refere a seus parceiros comerciais e uma vocação diplomática para o multilateralismo.

Frase 4 – O G-20 reúne 19 das principais economias industrializadas e em desenvolvimento mais a União Européia. Sua reunião inicial aconteceu em 1999 e este grupo de países representa 90% do PIB mundial, 80% do comércio e 2/3 da população do planeta.

Frase 5 – A eleição de Barack Obama e a Cúpula do G-20 sinalizam o ingresso da comunidade internacional num mundo novo que é o das realidades e dos desafios do século XXI. A transição para o novo século foi possivelmente prolongada pelas ações militares do governo Bush. (embaixador Sergio Amaral)

Frase 6 – (...) o documento oficial do G-20 anunciou o “fim da era do segredo bancário”, o início da “transição para uma economia mais verde” e a inauguração de um sistema em que economias emergentes e pobres terão mais peso nas decisões mundiais. (adaptado de editorial do jornal Folha de S.Paulo)

Frase 7 - (...) o G-20 poderá encarnar a primeira mudança consistente da obsoleta arquitetura política concebida em meio aos horrores da Segunda Guerra e cuja reforma tem sido cobrada por numerosos países. Se isso ocorrer, os historiadores do futuro poderão escrever que em abril de 2009 surgiu o equivalente para a economia do Conselho de Segurança (CS) da ONU para a política internacional. Nessa instância, diferentemente do CS, nenhum membro será “mais igual” do que outros. (adaptado de editorial do jornal O Estado de S.Paulo)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Obama quer que Lula seja o próximo presidente do Banco Mundial

02/06/2009

Fonte : Revista Exame

Juan Arias
No Rio de Janeiro
O presidente norte-americano Barack Obama está interessado em que o Banco Mundial, depois da crise financeira atual, tenha uma estrutura mais focada às políticas sociais e mais preocupada com os países mais pobres do planeta. Para isso, Obama teria proposto para a presidência da instituição o nome do presidente brasileiro, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, a quem define como "o político mais popular do mundo".

A notícia chegou à imprensa no número que acaba de chegar às bancas da prestigiosa revista econômica brasileira "Exame", do grupo Abril. Assinada pelo colunista semanal, Marcelo Onaga, a informação não foi confirmada nem desmentida pelo governo, nem pelos setores da diplomacia. Questionado por "El País", o chefe do gabinete de imprensa de Lula, o diplomata Marclo Baumbach, respondeu: "Para a Presidência da República o assunto deve ser tratado como rumor, sobre o qual não cabe fazer comentários".

Em sua coluna, Onaga escreve: "Representantes do presidente americano teriam consultado informalmente pessoas próximas a Lula para saber qual seria a reação do presidente brasileiro ao convite [para presidir o Banco Mundial]. Ouviram que, no mínimo, Lula se sentiria honrado". Consultado por telefone, o jornalista de "Exame", confirmou que sua fonte foi o Departamento de Estado norte-americano, ainda que a notícia não seja ainda oficial. A pessoa próxima a Lula consultada pelos assessores de Obama seria alguém de total confiança do presidente, segundo Onaga, que pediu a este jornal para não ter o nome da fonte publicada.

Lula é conhecido como um político latino-americano que soube conciliar - como ressaltou ontem (1º) em seu discurso de posse como presidente de El Salvador, Maurício Funes - "uma política econômica severa com políticas sociais de grande alcance". Entre outros mandatários presentes no ato, estavam Lula e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. Ela se mostrou de acordo com as palavras de Funes. O novo presidente salvadorenho afirmou em seu discurso que ele se inspirou na política de dois presidentes atuais: Obama e Lula.

Se confirmado a presidência de Lula no Banco Mundial, seria a primeira vez em 65 anos que à frente da instituição estaria um não norte-americano. O mandato do atual presidente, Robert Zoellick, termina em 2011 e Lula deverá deixar o seu cargo exatamente em janeiro de 2011.

Lula, que não fala inglês, seria uma figura simbólica no Banco Mundial, que representaria uma alma nova na instituição, uma alma de aspecto social, e faria com que Obama oferecesse ao mundo uma espécie de redenção de uma instituição acusada tantas vezes de fazer uma política voltada aos mais ricos do planeta. O presidente brasileiro tem criticado várias vezes ao longo da crise econômica a política elitista do Banco Mundial.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/06/02/ult581u3276.jhtm

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Irlanda teve "abuso endêmico" cometido por padres e freiras











Estado delegou cuidado de crianças a reformatórios onde eram violentadas, conclui comissão
Fonte : Folha de S. Paulo

Apuração levou dez anos entrevistando ex-internos; vítimas se revoltaram com ausência de nomes dos molestadores no texto

DA REDAÇÃO

Comissão instalada há dez anos pelo governo da Irlanda para investigar casos de maus-tratos contra crianças em reformatórios, orfanatos e escolas técnicas geridos pela Igreja Católica concluiu em relatório divulgado ontem que a prática de abusos físicos e sexuais nesses locais era "endêmica".
Segundo o relatório, elaborado por uma comissão liderada pelo juiz Sean Ryan, da Corte Suprema irlandesa, instituições administradas por ordens religiosas da década de 1930 aos anos 90 e encarregadas pelo Estado de cuidar de crianças e jovens infratores ou provenientes de "famílias disfuncionais" impunham um "terror" cotidiano a seus internos.
A reação das vítimas ao tão aguardado relatório foi de revolta, já que nenhum nome dos agressores e molestadores foi divulgado. A omissão é resultado de decisões judiciais conseguidas nos últimos anos pelas ordens religiosas encarregadas pelo Estado de administrar os reformatórios.
Foram entrevistados cerca de mil ex-internos de mais de 200 instituições que, estima-se, receberam cerca de 30 mil pessoas em seis décadas e meia.
O relatório responsabiliza os administradores diretos dos reformatórios -padres e freiras católicos-, seus superiores hierárquicos -bispos e arcebispos- e o Estado irlandês pelos abusos. "Crianças viviam o terror cotidiano de não saber de onde viria a próxima surra", diz o texto.

Fome e humilhações
O documento fala que muitos, com fome, tinham que procurar comida em latas de lixo. Num dos exemplos de maus-tratos e humilhações, é descrito o castigo de um garoto que teve que lamber excrementos da sola do sapato de um padre.
Os responsáveis diretos pela administração dos reformatórios, apurou a comissão, praticavam rotineiramente violências físicas e, em alguns casos, estupraram crianças.
"Quando confrontados com provas de abusos sexuais, a resposta das autoridades religiosas era a transferência do acusado para outros locais, onde, muitas vezes, estavam livres para agir de novo", diz o texto.
O Estado é responsabilizado por não ter impedido os abusos. Quando autoridades eram alertadas sobre os problemas, "mantinham-se em silêncio".
Com a ausência de nomeação dos responsáveis, ninguém deve ser processado com base no documento.
O coordenador do grupo Sobreviventes de Abuso Infantil (Soca, na sigla em inglês), John Kelly, diz ter recebido ligações ontem, ao longo do dia, de vítimas dessas instituições. "Eles sentem que suas feridas foram reabertas a troco de nada. Prometeram-lhes justiça, e agora se sentem traídos."
Muitas das crianças que chegavam a esses reformatórios e escolas administrados pela igreja eram filhos de mães solteiras ou acusados de pequenas infrações.



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Com agências internacionais

Lula, Dilma, plano B e Aécio

Leia o artigo de Kennedy Alencar da Folha On Line



A oposição tem o hábito de subestimar a inteligência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É um erro porque contamina a eficiência de sua estratégia. Com informação errada, a chance do insucesso só faz crescer. Exemplo mais recente: levar a sério a ideia de que Lula deseja disputar um terceiro mandato consecutivo.

Quem realmente tem informação do que se passa no núcleo do governo sabe que isso é bobagem. Lula rejeita tal tese por uma série de motivos. Citemos apenas três. Convicção de que seria um retrocesso institucional, argúcia política e noção exata de que seria uma batalha de alto custo e baixo benefício.

O presidente acredita que articular uma nova alteração da regra do jogo presidencial seria pedagogicamente danoso à democracia. Lula gosta do reconhecimento externo que conquistou. Deseja fazer política internacional quando passar a faixa ao sucessor em 1º de janeiro de 2011. A tese do terceiro mandato só o diminuiria aos olhos da comunidade internacional. Passaria a imagem de velho caudilho latino-americano.

Outro senão: o petista seria acusado de repetir Fernando Henrique Cardoso, presidente da República que patrocinou a casuística mudança constitucional de 1997 para poder concorrer à reeleição em 1998. Mais: Lula dirá que o povo até queria, mas ele teria pensado na estabilidade democrática mais do que FHC. No duelo algo pessoal com o tucano, levaria vantagem.

O governo está passando sufoco no Senado com a CPI da Petrobras. Está vendo o que é depender e confiar no PMDB. Alguém imagina o custo de aprovar uma emenda constitucional naquela Casa? São necessárias duas votações com quórum qualificado _três quintos, o que dá 49 dos 81 senadores. Lula teria de entregar a Petrobras, o pré-sal e até as meias para aprovar uma mudança desse tipo. De bobo e louco, Lula não tem nada.

Melhor patrocinar uma candidatura com alta chance de sucesso. Por ora, é Dilma. Não tem plano B autorizado por Lula. Em 2014, ele poderia ser candidato novamente, a depender do prestígio futuro. No cenário de eleger o sucessor e de disputar com sucesso em 2014, Lula poderia até tentar concorrer em 2018. Tem gente no PT que pensa em 20 anos de poder.

A oposição bate na tecla do terceiro mandato achando que desgasta Lula. Avalia que transmite a ideia de que ele está louco para ceder a uma tentação chavista. No entanto, pode estar somente fortalecendo o presidente, transmitindo a imagem de que ele é tão bom que não tem substituto à altura.

*
Quem fala no plano B

Os políticos que mais desejam uma alternativa à ministra Dilma Rousseff, caso a chefe da Casa Civil desista de ser candidata, são os aliados do PMDB. No PT, só gente de quinta categoria pensa no assunto. Mas eles têm algo em comum: estão instalados no poder e não desejam sair dele. Daí falar em terceiro mandato ou noutro nome para o lugar de Dilma.

As especulações de plano B são muitas e incipientes. Todas devem ser vistas com o devido desconto. O ex-ministro Antonio Palocci Filho, que tem a tatuagem da violação do sigilo do caseiro, é o primeiro da fila. O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, agrada a parcela do PMDB. Facilitaria um acordo em Minas. Apoio a Patrus para a Presidência em troca do suporte à candidatura do ministro Hélio Costa (Comunicações) ao Palácio da Liberdade. Michel Temer, presidente do PMDB, poderia ser vice para compor uma chapa café com leite e fazer frente à dupla tucana Serra-Aécio.

Pura opinião: Lula vai de Dilma.

*
Jogo tucano

É natural que o governador de Minas, Aécio Neves, tenha ficado chateado com a revelação de que ele fez acordo com o colega de São Paulo, José Serra. Aécio aceitou ser vice de Serra, condicionando isso a uma saída honrosa. A intenção era anunciar o acordo em agosto ou setembro, enquanto a ministra Dilma ainda deverá estar em recuperação, a fim de acelerar uma ofensiva para fazer alianças com o PMDB nos Estados.

A repercussão da divulgação do acordo gerou atrito no PSDB. Aécio se sentiu traído por seus colegas de partido. Ele precisa de tempo para construir um discurso de saída no qual leve vantagem: popularizar o seu nome pelo país, pois ainda tem alta taxa de desconhecimento para quem deseja disputar a Presidência.

A divulgação da notícia afetou esse cronograma, que, talvez, precise ser alterado e leve o mineiro exigir uma prévia mais restrita, no começo de 2010, a fim de dar caráter natural a uma união que formaria uma chapa bastante competitiva.

Kennedy Alencar, 41, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

sábado, 16 de maio de 2009

Enquanto isso no Paquistão : "Vamos fugir...desse lugar baby...."






16/05/2009 - 15h27
Mais de 1,1 mi deixam vale do Swat no pior êxodo em 62 anos
da Folha Online

O alto comissário da ONU para Refugiados António Guterres disse neste sábado que chegou a 1,171 milhão o número de pessoas que fugiram do vale do Swat (Paquistão) desde o último dia 2 de maio por causa da intensificação dos ataques das forças de segurança paquistanesas contra os integrantes do grupo islâmico radical Taleban estabelecidos naquela região. Esses refugiados irão se unir a outros 565 mil, que vivem no nordeste do país.

Conforme grupos de defesa dos direitos humanos, o atual êxodo é o maior no Paquistão desde a sua separação da Índia, em 1947.

Saiba mais sobre a ofensiva
Entenda a origem dos talebans

Neste sábado, o Exército paquistanês permanece às portas da cidade de Mingora, a principal do vale do Swat, e famílias continuam fugindo a pé ou em caminhões e tratores lotados, para se refugiarem em acampamentos. "Não é hora para fazer gestos simbólicos. [...] É hora de fechar um apoio em massa", disse Guterres.

Emilio Morenatti/AP

Paquistaneses fogem com seus pertencentes do conflito entre forças do Paquistão e o Taleban no vale do Swat

Os "gestos simbólicos" de que Guterres falou são uma provável referência à promessa de doação de dinheiro feita nesta sexta-feira (15) pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, ao colega paquistanês, Asif Ali Zardari, após uma reunião em Paris.

Por pressão dos Estados Unidos, o Paquistão intensificou recentemente as ofensivas contra integrantes do grupo fundamentalista islâmico do Taleban estabelecidos no Swat e mais dois distritos vizinhos. Só neste sábado, 47 supostos talebans foram mortos, informou o Exército paquistanês. Desde o início da ofensiva, cerca de 970 suspeitos e 48 soldados foram mortos.

Não há informações sobre baixas entre civis, embora os insurgentes denunciem dezenas de mortes de mulheres e crianças.

"Nossas forças de segurança estão chegando por diferentes direções e conseguiram provocar muitas mortes", disse o porta-voz militar paquistanês major-general Athar Abbas, à imprensa. Segundo ele, as tropas paquistanesas cercam Mingora para "isolar e bloquear a escapada de terroristas". Não há informações sobre quantos civis continuam em Mingora.

Para o Paquistão, muitos talebans cortaram suas barbas (um símbolo de identificação dos insurgentes) para escapar, em meio aos civis, dos alvos do Exército paquistanês. Nenhum porta-voz dos talebans comentou as declarações do Exército.

Com France Presse e Reuters

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Enem terá ao menos duas edições por ano

Folha de S.Paulo
Objetivo é se adaptar ao calendário das federais que têm mais de um vestibular anual, segundo ministro da Educação

No primeiro semestre de 2010, a prova deve ocorrer entre março e abril; edição deste ano está marcada para 3 e 4 de outubro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo Enem, criado para substituir o vestibular nas universidades federais, terá pelo menos duas edições por ano, disse ontem o ministro Fernando Haddad (Educação).
A ideia é se adaptar ao calendário das universidades -algumas fazem mais de um vestibular por ano. A prova deste ano ocorrerá em outubro; a primeira de 2010, em março ou abril.
Há a possibilidade de o MEC promover mais de duas edições por ano, mas isso depende de orçamento, afirmou o ministro.
Até agora, 21 das 55 universidades federais anunciaram que vão aderir ao exame como única forma de seleção; sete não vão usar a prova neste ano.

Razões da mudança
O antigo Enem foi criado para o aluno se autoavaliar. Depois, passou a fazer parte do vestibular de faculdades e foi utilizado para comparar os desempenhos das escolas.
O ministério tem dois objetivos com a mudança: unificar a seleção de calouros para as federais e reestruturar o currículo do ensino médio.
O governo federal também entende que o modelo atual, em que cada universidade tem o seu vestibular, prejudica os estudantes com menor renda, que precisam se deslocar para diversas cidades.
Na nova modalidade, o número de questões passa de 63 para 200, mais a redação. Serão dois dias de prova.
As notas do Enem não terão validade limitada, já que o nível de dificuldade será sempre o mesmo. Um aluno pode, por exemplo, usar a nota de 2009 em uma seleção de 2011.
O novo exame é inspirado no modelo americano de seleção (SAT), que acontece sete vezes por ano. Ontem, o ministro apresentou a reitores das universidades a lista de conteúdos e habilidades exigidos na prova.
A ideia é que o novo Enem mantenha a maneira como as perguntas hoje são formuladas, privilegiando a capacidade de raciocínio em detrimento da memorização. A prova deverá ainda exigir um pouco mais de conteúdo informativo, mas sem decoreba.
A lista desses conteúdos será divulgada hoje no site do MEC. Segundo o ministro, ela corresponderá àquilo que já é ensinado hoje no ensino médio, até para que os estudantes não sejam prejudicados. "O aluno que se saía bem no vestibular tradicional vai se sair igualmente bem no novo Enem", afirmou.
Amaro Lins, presidente da Andifes (associação dos reitores das universidades federais), diz que na prova de matemática, por exemplo, será avaliada a capacidade de interpretação de gráficos e a ligação de disciplina com fenômenos do dia a dia.
Um simulado será divulgado pelo MEC nas próximas semanas. No exame, as 200 questões terão diferentes níveis de dificuldade. As mais complexas são fundamentais para permitir uma melhor seleção de alunos em carreiras mais concorridas, como medicina.análise

Em 400 anos, provas quase não mudaram
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA REDAÇÃO

Apesar da revolução científica e de avanços na pedagogia, a noção de prova escolar sofreu muito poucas alterações desde sua criação pelos jesuítas quatro séculos atrás.
Tamanha estabilidade se justifica: o conceito funciona. Não é preciso mais do que fazer algumas perguntas aos alunos para distinguir aqueles que dominam a matéria dos que aprenderam pouco. Embora muitos tentem, é difícil enganar uma prova.
Mesmo testes de múltipla escolha, criticados por nove entre dez pedagogos, são bastante eficientes na hora de separar bons de maus alunos.
Estudo da Fuvest divulgado em 2005 mostrou que, se a segunda fase do exame (da qual constam as questões dissertativas) fosse eliminada, a relação final dos aprovados mudaria pouco, de 3% a 6%. Ou seja, em um curso com 50 vagas oferecidas, no máximo três vestibulandos que não estivessem entre os 50 mais bem posicionados nos testes da primeira etapa seriam aprovados por conta de seu desempenho nas respostas escritas.
Isso não significa que não haja vantagens em substituir os vestibulares pelo Enem. Elas existem e são muitas. As mais palpáveis são de ordem logística. O candidato a uma vaga no ensino superior não precisaria mais submeter-se a uma maratona de provas. Também seria poupado das múltiplas taxas de exame cobradas pelas universidades.
Igualmente interessante, o sistema de ensino superior ganharia mobilidade. Um aluno formado no Nordeste, por exemplo, munido de sua nota nacional teria melhores condições de pleitear vagas em instituições do Sudeste.
Outro efeito positivo tende a dar-se sobre a organização dos "curricula". Atualmente, são os principais vestibulares que, numa inversão de papéis, acabam definindo o que as escolas ensinam. Um colégio pode até querer ensinar linguística em vez de gramática prescritiva ou mecânica quântica no lugar de física newtoniana -posições em princípio justificáveis-, mas dificilmente o fará porque precisa responder à demanda de preparar seus alunos para o vestibular.
Se o novo Enem de fato ganhar aceitação e firmar-se como uma prova que valorize mais a capacidade de raciocínio do que a memorização de conteúdos, as escolas não precisariam desdobrar-se para cobrir toda a matéria exigida nos vestibulares. Reencontrariam, então, espaço para trabalhar melhor o que consideram ser suas prioridades e até para experimentar um pouco mais.

domingo, 10 de maio de 2009

A gripe, o enxofre, o bolso, a vida

CLÓVIS ROSSI- Na Folha de S. Paulo


SÃO PAULO - Existe no ar de todas as cidades brasileiras um agente muito mais assassino do que o vírus H1N1, mas que merece até proteção das autoridades.
Chama-se enxofre, do tipo altamente poluente usado nos veículos brasileiros. Como é do hábito tapuia, aqui a concentração de enxofre no diesel é obscenamente mais elevada até mesmo do que em alguns países da América Latina, região que está longe de ser um paradigma . Aqui, a concentração é de 2.000 PPM contra 15 nos Estados Unidos, por exemplo.
Mata 3.000 pessoas por ano na cidade de São Paulo, pela contabilidade de Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo.
Que mata foi reconhecido pelas autoridades, dado que uma resolução já antiga (2002) do Conselho Nacional do Meio Ambiente obrigava a Petrobras a reduzir a concentração de enxofre a partir de janeiro deste ano. Logo, as indústrias automobilísticas deveriam pôr na rua veículos adaptados para o combustível menos sujo.
De acordo com outro hábito tapuia, a indústria automobilística até produz motores prontos para o diesel menos mortal. Mas só para exportação. Quem manda não termos todos olhos azuis?
Recursos daqui e dali contra a data (só contra ela, não contra o caráter assassino do diesel aqui usado), e a resolução do Conama foi jogada para 2014. Ou seja, concedeu-se licença para matar por mais cinco anos. Oficialmente.
Novos recursos para antecipar a vigência do combustível menos poluente -e eis que sai a sentença do juiz Marcus Vinicius Kiyoshi Onodera, da 2ª Vara da Fazenda de São Paulo: nada de antecipar nada. O principal motivo alegado é que "a última e recente crise econômica afetou de forma profunda esse setor da economia", referindo-se à indústria automobilística.
Então, tá. A vida não é nada. O lucro é sagrado.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dicas de Leitura Maio 2009

As máquinas aceleram
Sinais de retomada surgem em todos os setores empresariais
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/605/as-maquinas-aceleram-sinais-de-retomada-surgem-em-todos-os-133820-1.htm

Entenda o conflito entre governo e rebeldes separatistas no Sri Lanka
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u507652.shtml

Guerra no Afeganistão fortaleceu Taleban; saiba mais sobre o grupo
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u539509.shtml

"Vírus da gripe suína não é mais grave que o de gripe comum", diz especialista
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u563062.shtml

Novo vestibular já recebeu a adesão de 25 universidades federais
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u563203.shtml

Brasil e Paraguai não fecham acordo sobre Itaipu
http://www.estadao.com.br/noticias/economia,brasil-e-paraguai-nao-fecham-acordo-sobre-itaipu-,367527,0.htm

América do Sul está preparada para a gripe, diz OMS
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,america-do-sul-esta-preparada-para-a-gripe--diz-oms,367663,0.htm

Mapa da gripe Suína
http://www.estadao.com.br/especiais/mapa-da-gripe-suina,56142.htm

"A cultura do Brasil é de degradação"
http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2060/a-cultura-do-brasil-e-de-degradacao-ambientalista-diz-que-132804-1.htm

A energia que vem das estradas
Através de geradores, israelenses transformam o tráfego intenso de veículos em eletricidade
http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2060/tecnologiaa-energia-que-vem-das-estradasatraves-de-geradores-israelenses-transformam-132839-1.htm

Gripe Suína -
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2009/gripesuina/

África do Sul encerra apuração com vitória do partido governista; Zuma deve ser novo presidente
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u556208.shtml

Lula diz que não há crime em deputado levar mulher para Brasília com passagem da Câmara
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u559135.shtml

Justiça e PF iniciam operação para retirada de não índios da Raposa/Serra do Sol
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u559100.shtml

Os eletrônicos "verdes"
























Tecnologia
Fonte : Isto é
Celular feito de plástico, laptop de bambu e impressora que usa borra de café em vez de tinta - a natureza está "limpando" a tecnologia

Luciana Sgarbi


Vai bem a convivência entre a indústria de eletrônica e aquilo que é politicamente correto na área ambiental. É seguindo essa trilha "verde" que na semana passada a Motorola anunciou o primeiro celular do mundo feito de garrafas plásticas recicladas. Ele se chama W233 Eco e é também o primeiro telefone com certificado CarbonFree, que prevê a compensação do carbono emitido na fabricação e distribuição de um produto.

Se um celular pode ser feito de garrafas, por que não se produz um laptop a partir do bambu? Essa ideia ganhou corpo com a fabricante taiwanesa Asus: trata-se do Eco Book que exibe revestimento de tiras dessa planta. Computadores "limpos" fazem uma importante diferença no efeito estufa e para se ter uma noção do impacto de sua produção e utilização basta olhar o resultado de uma pesquisa da empresa americana de consultoria Gartner Group. Ela revela que a área de TI (tecnologia da informação) já é responsável por 2% de todas as emissões de dióxido de carbono na atmosfera.


ECO BOOK A fabricante Asus desenvolveu um laptop com tiras de bambu

Além da pesquisa da Gartner, há um estudo realizado nos EUA pela Comunidade do Vale do Silício. Ele aponta que a inovação "verde" permitirá adotar mais máquinas com o mesmo consumo de energia elétrica e reduzir os custos de orçamento. "Com a crise mundial, a busca por equipamentos que preservem o meio ambiente será bastante forte", diz Russel Hancock, executivo-chefe da Fundação da Comunidade do Vale do Silício.

Hancock acredita que as tecnologias "verdes" também conquistarão espaço pelo fato de que, atualmente, conta pontos junto ao consumidor ter-se uma imagem de empresa sustentável. O estudo da Comunidade do Vale do Silício chegou às mãos do presidente da Apple, Steve Jobs, e o fez render-se às propostas do "ecologicamente correto" - ele era duramente criticado porque dava aval à utilização de mercúrio, altamente prejudicial ao meio ambiente, na produção de seus iPods e laptops.


SUSTENTÁVEL O celular feito de garrafas plásticas e a impressora que usa café ou chá para imprimir documentos

Preocupado em não perder espaço, Jobs lançou a nova linha do Macbook Pro com estrutura de vidro e alumínio, tudo reciclável. E a RITI Coffee Printer chegou à sofisticação de criar uma impressora que, em vez de tinta, se vale de borra de café ou de chá no processo de impressão. Basta que se coloque a folha de papel no local indicado e se despeje a borra de café no cartucho - o equipamento não é ligado em tomada e sua energia provém de ação mecânica transformada em energia elétrica a partir de um gerador. Se pensarmos em quantos cafezinhos são tomados diariamente em grandes empresas, dá para satisfazer perfeitamente a demanda da impressora.

Chegou !!!






Casos Confirmados 3253
Casos Suspeitos 4359
Mortes no Mundo 48

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gripe suína pode ameaçar hemisfério sul no inverno, diz OMS

04/05/2009 - 15h10

da Folha Online

O diretor adjunto da OMS (Organização Mundial da Saúde), Keiji Fukuda, afirmou nesta segunda-feira que ainda não há evidências de transmissão em larga escala do vírus da gripe suína, denominado oficialmente A (H1N1), fora da América do Norte. Ele ressaltou, contudo, que há um movimento do vírus em direção ao hemisfério sul, onde a gripe suína pode virar uma epidemia com a aproximação do inverno, estação típica de surtos de gripes sazonais.


Segundo as últimas estatísticas da OMS, os casos da gripe suína confirmados em testes de laboratório chegam a 1.003, em 20 países. Estes números incluem 25 mortes no México e uma morte nos Estados Unidos.

Fukuda afirmou ainda que a maioria dos casos está concentrado na América do Norte, já que os contágios registrados na Ásia, Europa e América Latina estão relacionados com pessoas que viajaram ao México.

Em relação a Espanha e Reino Unido, os dois países europeus com o maior número de pessoas infectadas, Fukuda ressaltou que se tratam de "casos relacionados com viagens".

Daniel Aguilar /Reuters

Passageiros usam máscaras no metrô da Cidade do México para evitar contaminação por gripe suína

"Não temos certeza de quando recorrermos à fase 6, nem se o faremos", disse, se referindo ao nível máximo na escala de alerta pandêmico da OMS.

"Se o vírus se movimentar ao hemisfério sul, quando ocorrerá isso? Simplesmente é muito difícil de prever e não quero levantar falsas expectativas", explicou.

Em todo caso, reiterou que representantes da OMS vêm dizendo há dias que elevar ao máximo o nível de alerta revelaria que há uma transmissão fácil e regular do vírus de pessoa para pessoa em mais de uma região do mundo, mas não seria um indicador de que a doença é grave.

"A ideia é determinar o quão longe o vírus se expandiu", insistiu Fukuda.

México

fukuda falou ainda da diminuição da incidência da gripe suína no México. "Há uma confusão a respeito deste fenômeno. As pessoas imaginam que uma pandemia surge em todos os lugares ao mesmo tempo", explicou.

O especialista esclareceu que é uma ideia errônea, pois o que pode ocorrer em uma pandemia é que em alguns lugares o vírus registre uma atividade intensa e alcance picos, enquanto em outros ocorra o contrário.

Fukuda lembrou que é isso o que acontece com as epidemias da gripe sazonal, durante o inverno, e advertiu que com esse novo vírus é provável que o padrão se repita.

Sobre a medida adotada pelas autoridades da China e de Hong Kong de restringir o movimento de cidadãos mexicanos que se encontram em seus territórios, Fukuda evitou comentar, mas disse que a quarentena é "uma medida razoável em uma situação específica".

Conforme explicou, a quarentena é diferente do isolamento, pois no primeiro envolve pessoas que se suspeita que possam estar infectadas em um ambiente em que é possível observar a evolução de seus sintomas, enquanto no segundo implica cortar o contato com o exterior.

Caso se declare o nível de alerta 6, tais medidas seriam inúteis "porque não se pode colocar todo mundo em quarentena", completou.

Fukuda disse ainda que cientistas da OMS tentam determinar certas características ainda desconhecidas do vírus, como seu período de incubação e os fatores que o tornam mais agudos em certos locais.

Com Efe e Reuters

domingo, 3 de maio de 2009

Gripe Espanhola - História

Gripe de 1918 matou entre 20 milhões e 100 milhões no mundo; leia trecho de livro

da Folha Online

A "Gripe de 1918", também conhecida como "Gripe Espanhola", é apontada como a mais devastadora de todos os tempos. Historiadores estimam que o vírus matou entre 20 milhões e 100 milhões de pessoas em diversos países do mundo.

"Acabou tão misteriosamente como surgiu. E quando tudo estava terminado, a humanidade havia sido abalada por uma doença que em poucos meses tinha matado mais gente do que qualquer outra enfermidade na história do mundo", afirma a americana Gina Kolata, repórter especializada em ciências do New York Times e autora do livro "Gripe: A História da Pandemia de 1918" (Record, 2002).

No livro, a repórter americana conta a história da mortífera "Gripe de 1918", investiga sua origem e revela os erros e acertos dos homens que tentaram combatê-la.

Leia abaixo trecho de introdução do primeiro capítulo do livro.

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".

*
Logo a praga estava por toda parte. E ninguém estava a salvo. A doença afetou os jovens e saudáveis. Um dia você estava muito bem, forte e invulnerável. Podia estar ocupado, trabalhando em seu escritório. Ou talvez estivesse tricotando um cachecol para as tropas de bravos soldados que lutavam na guerra para acabar com todas as guerras. Ou talvez você fosse um soldado recebendo treinamento básico, pela primeira vez longe de casa e da família.

Divulgação

Capa do livro "Gripe: A História da Pandemia de 1918", de Gina Kolata
Você começava sentindo uma forte dor de cabeça. Seus olhos começavam a arder. Vinham os calafrios e você ia para a cama, enrolado em cobertores. Mas não havia nem manta nem cobertor que conseguisse aquecê-lo. Você adormecia sem repousar, delirando e tendo pesadelos à medida que a febre aumentava. E quando você começava a despertar, entrando num estado de semiconsciência, seus músculos doíam e sua cabeça latejava e, de alguma maneira, ficava sabendo aos poucos que, embora seu corpo gritasse debilmente "não", você caminhava para a morte. Isso podia durar alguns dias, ou algumas horas, mas nada podia deter o progresso da doença. Médicos e enfermeiras aprenderam a reconhecer os sinais. Seu rosto assumia um tom castanho arroxeado escuro. Você começava a tossir sangue. Seus pés ficavam pretos. Por último, quando o fim já estava próximo, você sentia uma terrível falta de ar. Uma saliva tingida de sangue saía de sua boca. Você morria --afogado, na verdade-- à medida que seus pulmões enchiam-se de um líquido avermelhado.

E quando fosse fazer a autópsia, o médico observaria que seus pulmões estavam pesados e encharcados em seu peito, saturados de um líquido sanguinolento ralo, inútil, como pequenos pedaços de fígado.

A praga de 1918 foi chamada de gripe, mas não era como nenhuma outra gripe já vista. Parecia mais a concentração de alguma profecia bíblica, algo como o Apocalipse, que dizia que o mundo seria primeiro assolado pela guerra, depois pela fome e, em seguida, com o rompimento do quarto selo do rolo de pergaminho prevendo o futuro, o aparecimento de um cavalo, "amarelo-pálido; o que estava montado nele tinha por nome Morte e seguia-o o Inferno".

A praga irrompeu em setembro daquele ano e, ao terminar, meio milhão de americanos haviam morrido. A doença espalhou-se às partes mais remotas do globo. Alguns povoados esquimós foram dizimados, praticamente eliminados da face da terra. Vinte por cento dos habitantes da Samoa Ocidental pereceram. E onde quer que atacasse, o vírus infectava um grupo normalmente de pequeno risco - jovens adultos que em geral são poupados da devastação das doenças infecciosas. As curvas de mortalidade tinham a forma de "W", com picos para os bebês e crianças com menos de 5 anos, para os mais velhos na faixa de 70 a 74 anos e para pessoas de 20 a 40 anos de idade.

Crianças tornavam-se órfãs, famílias eram destruídas. Alguns sobreviventes diziam ter sido algo tão horrível que não queriam sequer falar no assunto. Outros tentavam interpretá-la como mais um pesadelo da guerra, assim como a luta nas trincheiras e o gás mostarda. Ela veio quando o mundo estava cansado da guerra. Varreu o globo em meses e, junto com a guerra, se foi. Acabou tão misteriosamente como surgiu. E quando tudo estava terminado, a humanidade havia sido abalada por uma doença que em poucos meses tinha matado mais gente do que qualquer outra enfermidade na história do mundo.

Quando pensamos em pragas, imaginamos terríveis e estranhas doenças. Aids. Ebola. Esporos de Antraz. E, naturalmente, a Peste Negra. Preocupamo-nos com sintomas horripilantes --pústulas ou golfadas de sangue saindo por todos os orifícios. Ou homens jovens, que tinham o físico de deuses olímpicos, reduzidos a figuras esqueléticas, cambaleando pelas ruas com seus membros raquíticos, apoiando-se em bengalas, tiritando de frio. Hoje nossa preocupação é a guerra biológica - um novo vírus feito de uma combinação de varíola e antraz ou varíola e Ebola. Ou nos preocupamos com a possibilidade de uma nova doença terrível estar sendo incubada em algum lugar, em uma região quente, e estar sendo preparada, com a destruição de antigas florestas, para de repente surgir e matar a todos nós.

Mas a gripe jamais figura na lista das pragas letais. Ela parece ser inócua. Aparece no inverno e todos a contraem mais cedo ou mais tarde. Uma vez que alguém adoece, não existe um tratamento eficiente, mas isso não importa. Praticamente todo mundo fica bem novamente, muito poucos não se recuperam. Trata-se apenas de uma doença inconveniente, que inflige, em geral, cerca de uma semana de sofrimento. Não se supõe que gripe seja uma doença letal, pelo menos para adultos jovens, que têm poucas razões para temer a morte e as enfermidades. O próprio nome em inglês e em italiano, influenza, insinua sua característica de aparecer periodicamente a cada inverno. Influenza é uma palavra italiana que, sendo uma hipótese, foi cunhada pelas vítimas da doença na Itália em meados do século XVIII. Influenza di freddo significa "influência do frio".

A gripe parece ser entretanto inevitável. Ela se dissemina pelo ar e pouco pode ser feito para evitar que sejamos infectados. "Eu sei como contrair Aids", diz Alfred W. Crosby, um historiador da gripe de 1918. "E não sei como pegar gripe."

E talvez porque a gripe seja tão familiar, o terror que provocou em 1918 foi muito assustador. É como uma história macabra de ficção científica em que o que é comum torna-se monstruoso. Quando a doença foi observada pela primeira vez, os médicos relutaram mesmo em chamá-la de gripe. Parecia ser uma nova doença, diziam eles. Alguns chamaram-na de broncopneumonia, outros de infecção respiratória epidêmica. Alguns médicos sugeriram que poderia ser cólera ou tifo, ou talvez dengue ou botulismo. Outros diziam ainda que era simplesmente uma doença pandêmica não-identificada. Os que usavam o termo "gripe" insistiam em colocá-lo entre aspas.

Uma forma de se contar a história da gripe de 1918 é através de fatos e imagens, uma coleção de dados de impacto é entorpecedor e de magnitude quase inconcebível. Quantos adoeceram? Mais de 25 por cento da população dos Estados Unidos. O que se passou com os que prestavam serviço militar, aqueles rapazes jovens e saudáveis que foram os alvos favoritos do vírus? A Marinha informou que 40 por cento de seus membros contraíram a gripe em 1918. O Exército estimava que cerca de 36 por cento de seus membros foram atacados. Quantos morreram no mundo todo? As estimativas vão de 20 a mais de 100 milhões, mas o número verdadeiro jamais poderá ser conhecido. Muitos lugares atacados pela gripe não apresentam estatísticas de mortalidade e, mesmo em países como os Estados Unidos, os esforços para registrar as mortes pela gripe foram complicados pelo fato de naquela época não haver um exame definitivo que realmente mostrasse que uma pessoa tinha a gripe.

E além disso a baixa estimativa do número de óbitos é surpreendente. Em comparação, a Aids matou 11,7 milhões de pessoas em 1997. A Primeira Guerra Mundial foi responsável por 9,2 milhões de mortes em combate e por um total de cerca de 15 milhões de mortes. A Segunda Guerra por 15,9 mortes em combate. O historiador Crosby chama a atenção para o fato de que, qualquer que seja o número exato de baixas ocasionadas pela gripe de 1918, uma coisa é indiscutível: o vírus "matou mais seres humanos do que qualquer outra doença num período de mesma duração na história mundial".

*
"Gripe: A História da Pandemia de 1918"
Autor: Gina Kolata

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Número de casos confirmados de gripe suína atinge 236, diz OMS

30/04/2009 - 13h15

da Folha Online

Balanço divulgado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) nesta quinta-feira confirmou a ocorrência de 236 casos de gripe suína no mundo --um salto em relação ao balanço passado, segundo o qual havia 148 casos, em 12 países. O número de mortes confirmadas permanece oito --sete no México e uma, de um bebê, nos Estados Unidos--, pois a OMS não reconheceu uma nova morte ocorrida no México, segundo o governo do país. No Brasil, há dois casos suspeitos, de acordo com o Ministério da Saúde.

Mesmo com o aumento dos casos confirmados, a OMS ainda não estuda elevar o nível de alerta para 6, o último na escala da entidade, que indicaria pandemia (epidemia de grandes proporções, talvez global).

De acordo com o diretor-geral adjunto da OMS, Keiji Fukuda, o México foi o país com maior peso no aumento de casos registrados na nova estatística já que o número de casos no país pulou de 26 para 97. "A razão deste grande salto é que, no México, estão sendo feitos agora milhares de exames de laboratório com os casos suspeitos", disse. No México, o número de mortes sob suspeita é de 176.

Nos EUA, de acordo com o Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), há 109 casos confirmados de gripe suína, em 11 Estados. Entre eles, há 50 em Nova York, 26 no Texas, 14 na Califórnia e 10 na Carolina do Sul. Conforme o CDC, a única morte causada pela doença no país é de um bebê mexicano, no Texas.

Os outros países com casos confirmados da doença são Canadá, Israel, Nova Zelândia, Alemanha, Escócia, Inglaterra, Áustria, Suíça, Holanda, Espanha e Peru --o primeiro na América do Sul.

Dario Lopez-Mills/AP

Mulher carrega criança em setor de hospital naval da Cidade do México exclusiva para tratar gripe suína

Cautela

O vírus é transmitido como o de uma gripe comum, de pessoa para pessoa, mesmo dias antes de os sintomas aparecerem ou depois de eles terem sumido. Por isso, ao visitarem doentes, familiares devem ter acesso limitado e seguir as mesmas precauções adotadas pelos profissionais da saúde --usar óculos e até uma "blindagem" facial. Em todos os casos, a recomendação é para que pessoas com sintomas de gripe fiquem em casa.

Os sintomas em humanos são parecidos com os da gripe comum e incluem febre acima de 39ºC, falta de apetite e tosse. Algumas pessoas com a gripe suína também relataram ter apresentado catarro, dor de garganta, náusea.

Nesta quarta-feira, o presidente mexicano, Felipe Calderón, pediu que as pessoas aproveitem o feriado de 1º de maio para ficar em casa e evitar mais transmissão do vírus. "Quero exortá-los todos que nestes dias de folga que vamos ter, nesta ponte que irá de 1º a 5 de maio, fique em tua casa com a tua família; porque não há lugar mais seguro para evitar contagiar-se do vírus da gripe suína que tua própria casa", afirmou Calderón em um discurso à nação na véspera de completar uma semana de declarada a emergência sanitária.

México

Para evitar as concentrações, o governo do México suspendeu as aulas em todo o país, assim como as apresentações culturais e artísticas. Na capital permanecem fechados os bares e restaurantes. O presidente afirmou ainda que fechou todos os serviços não essenciais do governo e prédios de empresas privadas, enquanto o número de doentes passa de 2.500.

O ministro da Fazenda, Agustín Carstens, calculou que as perdas econômicas pela emergência sanitária ficarão entre 0,3 e 0,5% do PIB caso a crise tenha duração de três meses.

Com agências internacionais
27/04/2009 - 05h52
Saiba mais sobre a gripe suína
colaboração para a Folha Online

Atualizado em 28/04/2009 às 09h13.

Até agora, sabe-se que a gripe suína se trata de uma doença respiratória que teve origem em porcos, a partir da combinação de material genético de diferentes vírus de gripe. Cientistas e governos ainda buscam informações mais detalhadas sobre a doença e as formas de prevenção e tratamento, mas algumas das dúvidas já podem ser respondidas com base nos dados divulgados por governos e centros de pesquisa.

Veja abaixo as repostas a algumas das questões relacionadas ao surto

O que é a gripe suína?

É uma doença respiratória causada pelo vírus influenza A, chamado de H1N1. Ele é diferente do H1N1 totalmente humano que circula nos últimos anos, por conter material genético dos vírus humanos, de aves e suínos, incluindo elementos de vírus suínos da Europa e da Ásia.

A gripe tem cura?

Tem tratamento.

Como é transmitido o vírus?

Em casos registrados nos últimos anos, a doença foi contraída por pessoas que tiveram contatos com criações de porcos, mas não há registro de que o mesmo tenha acontecido no atual surto. Ela está sendo da mesma forma que a gripe comum: por via aérea, de pessoa para pessoa, por meio de espirros e tosse.

Quais são os sintomas?

Os sintomas em humanos são parecidos com os da gripe comum e incluem febre acima de 38°C, falta de apetite e tosse. Algumas pessoas com a gripe suína também relataram ter apresentado catarro, dor de garganta e náusea.

Infecção de gripe suína é comum em humanos?

No passado, os Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) registraram 12 casos de infecção humana pelo vírus da gripe suína, todo em pessoas que tiveram contato com porcos. Nesses casos, não houve evidência de transmissão entre humanos.

Pode-se contrair a doença comendo carne de porco?

Não. Os vírus da gripe suína não são transmitidos pela comida. O governo mexicano e a OMS (Organização Mundial de Saúde) descartaram qualquer risco de infecção por ingestão de carne de porco. De acordo com o CDC, a temperatura de cozimento (71ºC) destrói os vírus e as bactérias.

Como devo agir se estiver com os sintomas?

Não houve detecção da nova gripe no Brasil até o momento. Portanto, quem tiver sintomas de gripe pode tomar remédios sintomáticos e procurar um médico, caso os sintomas persistam, para tomar um antiviral. Mais informações: www.saude.gov.br

E quem chegou de viagem?

Se a pessoa esteve nos últimos dez dias em países onde houve casos, como o México, e apresenta sintomas. pode procurar um médico e realizar o exame para identificar o tipo de gripe. Deve-se evitar locais com presença de muitas pessoas enquanto não sai o resultado.

Qual a diferença entre a gripe suína e a gripe comum?

A gripe suína é caracterizada pelos sintomas da gripe comum, mas pode causar vômitos e diarreia mais graves. A gripe comum mata entre 250 mil e 500 mil pessoas a cada ano, principalmente entre a população mais velha. A maioria das pessoas morre de pneumonia, e a gripe pode matar por razões que ninguém entende. Também pode piorar infecções por bactérias. A maioria dos mortos da gripe suína tinha entre 25 e 45 anos.

Como a infecção de humanos com gripe suína pode ser diagnosticada?

Para diagnosticar a infecção, uma amostra respiratória precisa ser coletada nos quatro ou cinco primeiros dias da doença, quando a pessoa infectada espalha vírus, e examinadas em laboratório. Entretanto, algumas pessoas, principalmente crianças, podem espalhar o vírus por dez dias ou mais.

Existe vacina contra esta doença?

As vacinas normais contra a gripe são alteradas todos os anos para incluir imunização contra novas variedades de vírus. Segundo as autoridades mexicanas, que citam a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina existente para humanos é para uma cepa anterior ao vírus, com o qual não é tão eficaz. Mas como os casos confirmados de mortes atingiram adultos, é possível que as pessoas mais vulneráveis --crianças e idosos--tenham se beneficiado por serem alvo de vacinação mais regularmente que os adultos jovens.

A vacina contra a gripe comum tem eficácia contra a gripe suína?

Não se sabe. Pode haver uma prevenção, ainda que parcial, se considerado o fato de que os casos no México ocorreram principalmente com adultos jovens. Lá, crianças de até 3 anos e adultos com mais de 50 vacinam-se rotineiramente contra a gripe humana.

Existe algum remédio eficaz contra a doença?

Os antigripais Tamiflu e Relenza, já utilizados contra a gripe aviária, são eficazes contra o vírus H1N1, segundo testes laboratoriais e parecem ter dado resultado prático, de acordo com o CDC.

Por que a OMS está em estado de alerta?

Porque há casos humanos associados a um vírus de gripe animal, mas também pela extensão geográfica dos diferentes focos, assim como pela idade não habitual dos grupos afetados. A gripe suína representa o maior risco de uma pandemia em larga escala desde que a gripe aviária que ressurgiu em 2003.

Trata-se de um novo tipo de gripe suína?

Assim como no ser humano, os vírus da gripe sofrem mutação contínua no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza suína, humana e aviária. Os porcos tornam-se incubadoras que favorecem o aparecimento de novos vírus gripais, através de combinações genéticas, em caso de contaminações simultâneas. Esses tipos de vírus híbridos podem provocar o aparecimento de um novo vírus da gripe, tão virulento como o da gripe aviária e tão transmissível como a gripe humana.

Os turistas com viagens marcadas para o México deveriam ficar preocupados?

A OMS diz que não é preciso alterar planos de viagens e o México disse que não vê necessidade de fechar as fronteiras. Mas governos de países como Itália, Polônia e Venezuela aconselharam os seus cidadãos a adiarem viagens às áreas em que foram registrados casos de gripe suína no México e nos EUA. Segundo a OMC, o fechamento de fronteiras e as restrições às viagens seriam inúteis, porque o vírus já se espalhou.

Corro risco de viajar aos países atingidos?

Por enquanto não há um alerta por parte das entidades sanitárias que justifique o cancelamento da viagem. Mas adiá-la, caso possível, pode ser uma atitude preventiva. os que vão a locais afetados podem usar máscaras, lavar as mãos com água e sabão constantemente e evitar aglomerações, entre outros procedimentos.

Como se previne estando nesses locais?

Com máscaras, lavando sempre as mãos e evitando locais com muita gente entre outros.

Qual o tempo de incubação?

Em média varia de 24 horas a 3 dias. A mídia mexicana cita até duas semanas.

Posso contrair o vírus de alguém que não apresente os sintomas?

Sim. O Influenza pode ser transmitido por alguém até 24 horas antes de essa pessoa apresentar os sintomas.

Quais os grupos mais suscetíveis?

Pessoas com alguma doença crônica ou deficiência imunológica sempre estão mais sujeitas.

Quanto tempo demora o resultado do exame que detecta a gripe suína?

Nos EUA, tem demorado em torno de três dias. A Fiocruz prevê o mesmo para o Brasil.

Com France Presse, Reuters, CDC e Folha de S.Paulo

segunda-feira, 27 de abril de 2009

sábado, 25 de abril de 2009

O Eterno "Quintal" ???


O ETERNO "QUINTAL"
Ato falho? Apesar de o então candidato Barack Obama ter dito que sua eleição seria o fim da América Latina como "quintal" dos EUA, o recado parece não ter chegado até a sua hoje secretária de Estado, Hillary Clinton. Numa fala ontem, em Santo Domingo, na República Dominicana, a ex-senadora disse:
"Os EUA querem engajar-se com nosso Hemisfério.
Esse é o nosso quintal"

Fonte :Ministério das relações exteriores
http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=567678

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Entre persas, árabes e israelenses

ROULA KHALAF
DO "FINANCIAL TIMES" Fonte Folha de S.Paulo

A nova abordagem de Barack Obama em relação a Teerã começa a emergir -antes até de a revisão plena ser concluída-, e a mudança parece drástica. Considerem três recentes decisões: primeiro, o presidente dos EUA adotou um tom respeitoso, que sinaliza que a "mudança de regime" deixou de ser um objetivo dos EUA.
Segundo, ele deixou claro que quer o Irã envolvido em questões que sejam causa comum de preocupação, sobretudo no Afeganistão. No espírito dessa colaboração, Washington convidou funcionários de Teerã para a recente conferência sobre o Afeganistão em Haia. Terceiro, e principal, é a decisão dos EUA de se unirem às demais potências mundiais na oferta de retomar as negociações nucleares com o Irã -e, ao menos por enquanto, sem condicioná-la ao fim do enriquecimento de urânio por Teerã. Claro que o objetivo dos EUA ainda é o mesmo: Washington quer impedir Teerã de adquirir armas nucleares e usar seu poderio político e militar para solapar os interesses ocidentais. A meta final do Irã tampouco mudou: garantir a aceitação de seu programa nuclear e o status de potência regional. Mas, após 30 anos de hostilidade entre os dois países, não se deve subestimar tais passos.
Embora as reações de Teerã não sejam 100% encorajadoras, as decisões da Casa Branca tiveram impacto sutil: abrir o debate dentro do regime iraniano antes da eleição presidencial de junho e lançar pressão sobre Teerã por uma resposta à altura. Com o tempo, elas darão às forças moderadas no país munição para se fazer ouvir.

Outros atores
Neste primeiro estágio, porém, Washington tem dois outros atores a considerar enquanto se esforça para promover uma distensão com Teerã. O primeiro são seus aliados árabes, que temem a influência crescente do Irã no golfo Pérsico e a possibilidade de os iranianos interferirem em causas que consideram como suas, sobretudo o conflito árabe-israelense. Esses aliados presumem que melhores laços entre Washington e Teerã enfraqueceriam seus elos com os EUA. O relacionamento entre o Irã e o mundo árabe está piorando.
Em março, Marrocos cortou relações com Teerã, alegando que os iranianos buscam difundir o islã xiita entre a maioria muçulmana sunita do país. Mais bizarra é uma investigação do Egito sobre um grupo supostamente ligado ao Hizbollah, grupo libanês apoiado pelo Irã, e suspeito de planejar ataques contra seu território. Mas os países árabes podem ser convencidos dos méritos de um diálogo entre EUA e Irã.
Mais complicado é Israel, dono do único arsenal nuclear do Oriente Médio (não declarado), mas que ainda assim se sente vulnerável. Enquanto os EUA agem sob a suposição de que o Irã atua de forma racional, o novo governo israelense vê na liderança em Teerã um "culto messiânico apocalíptico", como disse o premiê Binyamin Netanyahu à revista "Atlantic".
Israel aposta que a aproximação com o Irã fracassará e que o mundo apoiará sanções econômicas muito mais punitivas ou uma ação militar para destruir instalações militares do rival. Assim, devemos esperar que, a cada passo, o governo Obama enfrente mais procrastinação de Teerã, impaciência de Israel e ansiedade entre os árabes.
Será preciso perseverar e enviar uma mensagem clara aos aliados árabes de que eles não devem temer a distensão dos EUA com o Irã, bem como uma severa advertência a Israel contra uma eventual aventura militar lançada isoladamente.


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Tradução de PAULO MIGLIACCI

sexta-feira, 17 de abril de 2009




17/04/2009 - 20h47
Obama e Chávez apertam as mãos em Cúpula das Américas
da Folha Online

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um severo crítico das políticas americanas, apertaram as mãos nesta sexta-feira, na abertura da Cúpula das Américas, em Port of Spain, um ato que o governo de Caracas classificou como "histórico".

leia a matéria original :
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u552593.shtml


Socialismo fracassou, capitalismo quebrou: o que vem a seguir?

A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública. A
prioridade não é o aumento do lucro e do consumo, mas sim a ampliação
das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das capacidades de todos
por meio da ação coletiva. Isso significa iniciativa pública não
baseada na busca de lucro. Decisões públicas dirigidas a melhorias
sociais coletivas com as quais todos sairiam ganhando. Esta é a base
de uma política progressista, não a maximização do crescimento
econômico e da riqueza pessoal. A análise é do historiador britânico
Eric Hobsbawm


Eric Hobsbawm - The Guardian

Data: 15/04/2009
Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos, o deslocamento do
mercado livre para a ação pública deve ser maior do que os políticos
imaginam. O século XX já ficou para trás, mas ainda não aprendemos a
viver no século XXI, ou ao menos pensá-lo de um modo apropriado. Não
deveria ser tão difícil como parece, dado que a idéia básica que
dominou a economia e a política no século passado desapareceu,
claramente, pelo sumidouro da história. O que tínhamos era um modo de
pensar as modernas economias industriais – em realidade todas as
economias -, em termos de dois opostos mutuamente excludentes:
capitalismo ou socialismo.

Conhecemos duas tentativas práticas de realizar ambos sistemas em sua
forma pura: por um lado, as economias de planificação estatal,
centralizadas, de tipo soviético; por outro, a economia capitalista de
livre mercado isenta de qualquer restrição e controle. As primeiras
vieram abaixo na década de 1980, e com elas os sistemas políticos
comunistas europeus; a segunda está se decompondo diante de nossos
olhos na maior crise do capitalismo global desde a década de 1930. Em
alguns aspectos, é uma crise de maior envergadura do que aquela, na
medida em que a globalização da economia não estava então tão
desenvolvida como hoje e a economia planificada da União Soviética não
foi afetada. Não conhecemos a gravidade e a duração da atual crise,
mas sem dúvida ela vai marcar o final do tipo de capitalismo de livre
mercado iniciado com Margareth Thatcher e Ronald Reagan.

A impotência, por conseguinte, ameaça tanto os que acreditam em um
capitalismo de mercado, puro e desestatizado, uma espécie de
anarquismo burguês, quanto os que crêem em um socialismo planificado e
descontaminado da busca por lucros. Ambos estão quebrados. O futuro,
como o presente e o passado, pertence às economias mistas nas quais o
público e o privado estejam mutuamente vinculados de uma ou outra
maneira. Mas como? Este é o problema que está colocado diante de nós
hoje, em particular para a gente de esquerda.

Ninguém pensa seriamente em regressar aos sistemas socialistas de tipo
soviético, não só por suas deficiências políticas, mas também pela
crescente indolência e ineficiência de suas economias, ainda que isso
não deva nos levar a subestimar seus impressionantes êxitos sociais e
educacionais. Por outro lado, até a implosão do mercado livre global
no ano passado, inclusive os partidos social-democratas e moderados de
esquerda dos países do capitalismo do Norte e da Australásia estavam
comprometidos mais e mais com o êxito do capitalismo de livre mercado.

Efetivamente, desde o momento da queda da URSS até hoje não recordo
nenhum partido ou líder que denunciasse o capitalismo como algo
inaceitável. E nenhum esteve tão ligado a sua sorte como o New Labour,
o novo trabalhismo britânico. Em suas políticas econômicas, tanto Tony
Blair como Gordon Brown (este até outubro de 2008) podiam ser
qualificados sem nenhum exagero como Thatchers com calças. O mesmo se
aplica ao Partido Democrata, nos Estados Unidos.

A idéia básica do novo trabalhismo, desde 1950, era que o socialismo
era desnecessário e que se podia confiar no sistema capitalista para
fazer florescer e gerar mais riqueza do que em qualquer outro sistema.
Tudo o que os socialistas tinham que fazer era garantir uma
distribuição eqüitativa. Mas, desde 1970, o acelerado crescimento da
globalização dificultou e atingiu fatalmente a base tradicional do
Partido Trabalhista britânico e, em realidade, as políticas de ajudas
e apoios de qualquer partido social democrata. Muitas pessoas, na
década de 1980, consideraram que se o barco do trabalhismo não queria
ir a pique, o que era uma possibilidade real, tinha que ser objeto de
uma atualização.

Mas não foi. Sob o impacto do que considerou a revitalização econômica
thatcherista, o New Labour, a partir de 1997, engoliu inteira a
ideologia, ou melhor, a teologia, do fundamentalismo do mercado livre
global. O Reino Unido desregulamentou seus mercados, vendeu suas
indústrias a quem pagou mais, deixou de fabricar produtos para a
exportação (ao contrário do que fizeram Alemanha, França e Suíça) e
apostou todo seu dinheiro em sua conversão a centro mundial dos
serviços financeiros, tornando-se também um paraíso de bilionários
lavadores de dinheiro. Assim, o impacto atual da crise mundial sobre a
libra e a economia britânica será provavelmente o mais catastrófico de
todas as economias ocidentais e o com a recuperação mais difícil
também.

É possível afirmar que tudo isso já são águas passadas. Que somos
livres para regressar à economia mista e que a velha caixa de
ferramentas trabalhista está aí a nossa disposição – inclusive a
nacionalização -, de modo que tudo o que precisamos fazer é utilizar
de novo essas ferramentas que o New Labour nunca deixou de usar. No
entanto, essa idéia sugere que sabemos o que fazer com as ferramentas.
Mas não é assim.

Por um lado, não sabemos como superar a crise atual. Não há ninguém,
nem os governos, nem os bancos centrais, nem as instituições
financeiras mundiais que saiba o que fazer: todos estão como um cego
que tenta sair do labirinto tateando as paredes com todo tipo de
bastões na esperança de encontrar o caminho da saída.

Por outro lado, subestimamos o persistente grau de dependência dos
governos e dos responsáveis pelas políticas às receitas do livre
mercado, que tanto prazer lhes proporcionaram durante décadas. Por
acaso se livraram do pressuposto básico de que a empresa privada
voltada ao lucro é sempre o melhor e mais eficaz meio de fazer as
coisas? Ou de que a organização e a contabilidade empresariais
deveriam ser os modelos inclusive da função pública, da educação e da
pesquisa? Ou de que o crescente abismo entre os bilionários e o resto
da população não é tão importante, uma vez que todos os demais –
exceto uma minoria de pobres – estejam um pouquinho melhor? Ou de que
o que um país necessita, em qualquer caso, é um máximo de crescimento
econômico e de competitividade comercial? Não creio que tenham
superado tudo isso.

No entanto, uma política progressista requer algo mais que uma ruptura
um pouco maior com os pressupostos econômicos e morais dos últimos 30
anos. Requer um regresso à convicção de que o crescimento econômico e
a abundância que comporta são um meio, não um fim. Os fins são os
efeitos que têm sobre as vidas, as possibilidades vitais e as
expectativas das pessoas.

Tomemos o caso de Londres. É evidente que importa a todos nós que a
economia de Londres floresça. Mas a prova de fogo da enorme riqueza
gerada em algumas partes da capital não é que tenha contribuído com 20
ou 30% do PIB britânico, mas sim como afetou a vida de milhões de
pessoas que ali vivem e trabalham. A que tipo de vida têm direito?
Podem se permitir a viver ali? Se não podem, não é nenhuma compensação
que Londres seja um paraíso dos muito ricos. Podem conseguir empregos
remunerados decentemente ou qualquer tipo de emprego? Se não podem, de
que serve jactar-se de ter restaurantes de três estrelas Michelin, com
alguns chefs convertidos eles mesmos em estrelas. Podem levar seus
filhos à escola? A falta de escolas adequadas não é compensada pelo
fato de que as universidades de Londres podem montar uma equipe de
futebol com seus professores ganhadores de prêmios Nobel.

A prova de uma política progressista não é privada, mas sim pública.
Não importa só o aumento do lucro e do consumo dos particulares, mas
sim a ampliação das oportunidades e, como diz Amartya Sen, das
capacidades de todos por meio da ação coletiva. Mas isso significa –
ou deveria significar – iniciativa pública não baseada na busca de
lucro, sequer para redistribuir a acumulação privada. Decisões
públicas dirigidas a conseguir melhorias sociais coletivas com as
quais todos sairiam ganhando. Esta é a base de uma política
progressista, não a maximização do crescimento econômico e da riqueza
pessoal.

Em nenhum âmbito isso será mais importante do que na luta contra o
maior problema com que nos enfrentamos neste século: a crise do meio
ambiente. Seja qual for o logotipo ideológico que adotemos,
significará um deslocamento de grande alcance, do livre mercado para a
ação pública, uma mudança maior do que a proposta pelo governo
britânico. E, levando em conta a gravidade da crise econômica, deveria
ser um deslocamento rápido. O tempo não está do nosso lado.

Artigo publicado originalmente no jornal The Guardian

Tradução do inglês para o espanhol: S. Segui, integrante dos coletivos
Tlaxcala, Rebelión e Cubadebate.

Tradução do espanhol para o português: Katarina Peixoto

Fonte: Agência Carta Maior